Jardim Botânico de Lisboa
Praças e Jardins / Príncipe Real
Onde a História e a Natureza se Fundem
No coração de Lisboa repousa um jardim envolto numa calmaria de cheiros e sons divergentes do frenesim usual da cidade. Pelo meio de quatro hectares de caminhos bifurcados, canteiros e socalcos unidos por lagos e cascatas, encontramos o Jardim Botânico de Lisboa, abrigo a cerca de 1500 espécies diferentes e inaugurado em 1878. Bem no centro do Príncipe Real, o jardim divide-se pela Classe e Arboreto. A primeira, de momento encerrada, engloba a biblioteca, o herbário e o Lago de Cima. Já o arboreto, na parte inferior do jardim, acolhe árvores de grande porte e outras plantas. Entre as partes de cima e de baixo do Arboreto, as temperaturas podem variar de dois a três graus centígrados, razão pela qual a parte superior abriga espécies de climas quentes e secos, e a inferior as que requerem mais humidade.
Próximo do jardim encontramos também o Museu Nacional de História Natural e da Ciência, com uma coleção de quase um milhão de exemplares. Aqui podemos descobrir importantes coleções de história natural, como botânica, mineralogia, paleontologia, zoologia e antropologia, além de diversas exposições temporárias. Fertilizado pelo rico passar da história, são vários os episódios a adornar os mais de 140 anos de vida do jardim. Foi aqui que Mário Soares viria a dar um dos seus primeiros discursos depois de regressar a Portugal após o exílio; Reza também a lenda que as marcas na estátua de Bernardino Gomes, e nas palmeiras ao seu redor, vieram de balas perdidas durante as revoltas militares de 1927.
O espaço abriga inclusive autênticos fósseis vivos como as cicadáceas, um marco de floras antigas e maioritariamente extintas. Esta espécie, porém, não está sozinha nesta categoria. O jardim botânico é um de seis com um exemplar vivo da árvore-do-imperador, também ela em extinção. Por partilharem o mesmo título, terá sido alegadamente presenteada ao primeiro diretor do jardim, conde de Ficalho, pelo Imperador do Brasil. Desde que há registo, esta espécie deu fruto uma única vez, estando as suas sementes no banco de sementes do jardim.
O jardim científico complementa o ensino e investigação botânica na Escola Politécnica. Implementado no Monte Olivete, o espaço contava já com mais de 200 anos de investigação botânica através do Colégio Jesuíta da Cotovia, em funcionamento entre 1609 e 1759. O projeto do jardim teve origem em 1843, porém, só em 1873, graças aos professores Conde de Ficalho e Andrade Corvo, é que se deu início à plantação. A flora diversa foi escolhida pelo alemão E. Goeze e o francês J. Daveau, os primeiros jardineiros do espaço. As plantas vieram dos quatro cantos do mundo com territórios sob governo português, um testemunho, na altura, do peso do país enquanto potência colonial face à Europa. Em 2010 foi classificado como Monumento Nacional, e atualmente, o jardim emana uma aura tropical, principalmente pela variedade de palmeiras, mas também graças a espécies vindas da Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul.
Informações
- Rua da Escola Politécnica 56 58
1250-102 Lisboa - Segunda a Domingo das 10h às 17h