Barbearia Campos

Cabeleireiros / Chiado

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 Na fachada da mais antiga barbearia do país ainda em actividade há uma imprecisão. Não se trata dos dois “L” na palavra Cabelleireiro, dado que era a grafia antiga, mas o facto de não se tratar do que hoje designamos como cabeleireiro mas sim de uma barbearia. Fundada em 1886, manteve esta designação até 1910, quando a sociedade Campos & Costa foi dissolvida, passando o negócio em exclusivo para o sócio fundador José Augusto de Campos (1856-1922) e daí adiante permanecendo nesta família. São mais de 130 anos a tornar os lisboetas mais aprumados e garbosos, dos anónimos que não reza a história, a uma longa lista de personalidades da nossa praça. O mural de fotografias de gente célebre, muito bem penteada, denuncia o orgulho de terem ajudado a brilhar – bigode, barba e cabelo – personalidades da vida portuguesa como Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Almada Negreiros, António Ferro, Vasco Santana entre muitos outros.

A Barbearia Campos é também um exemplo feliz de como a transformação veloz que tem tido lugar no centro da cidade pode conviver com o comércio tradicional e os lugares que valorizamos e que queremos que permaneçam, enquanto tudo em redor muda. Nesta arena onde muitas vezes esbarram a tradição com a modernidade, a história recente desta loja mostra-nos que o conflito pode acabar muito bem: depois de um ano e meio num lugar temporário, tempo em que o prédio onde a barbearia reside desde 1886 esteve em reabilitação, eis que reavemos em 2016 uma das barbearias mais bonitas da cidade, para júbilo de muitos penteados locais. Foi ano e meio a uma centena de metros do local original, a ver o destino em frente. É fácil imaginar que o retorno foi muito celebrado, e que se vive hoje esta atmosfera de poder ter o melhor de ontem e o melhor de amanhã. O espaço, por exemplo, mantém-se o mais próximo possível do original, com a introdução apenas das inovações que o ofício pede. Afinal, já ninguém pede para enrolar a ponta do bigode com um ferro de alisar... (e daí, é não dizer isto muitas vezes, não vá a moda voltar, como tantas voltam).

As lâmpadas fluorescentes foram substituídas por lustres, os móveis foram restaurados, preservou-se a bancada e lavatórios em mármore de Carrara, os tectos estucados e o chão original de mosaico. Os toques de charme são sem dúvida as cadeiras de barbeiro do início do século XX, cromadas e com as plataformas para os pés ricamente decoradas com arabescos, e os espelhos italianos. Digno de curiosidade é também o espólio de instrumentos que compunham a antiga forma de cortar cabelo e aparar barba e bigode, hoje para exposição.
Mesmo quem não tenha nada a cortar ou a aparar, vai sem dúvida querer entrar.

Conteúdos: Lojas com História

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    Chiado

    É considerado um dos bairros lisboetas mais trendy da atualidade, mas a verdade é que o Chiado nunca passou de moda. O seu charme foi bem evidenciado por grandes figuras das artes e das letras nos séculos XIX e XX, como Eça de Queiroz ou Fernando Pessoa, frequentadores desta zona numa Lisboa de outros tempos e que a ela aludiram nas suas obras.